LoL na facul ou facul no LoL?

Jogadores do cenário universitário batalham pela prioridade entre estudar e competir.

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Jogar League of Legends significa tomar um monte de decisões em curtos espaços de tempo. 30 segundos para banir, mais 30 para escolher seu Campeão – e analisar as composições dos dois times – menos de um segundo para decidir flashar para frente para pegar um abate ou para trás, para fugir de um gank.

Fora do jogo é mais ou menos a mesma coisa. Decidir qual faculdade fazer, definir a carreira que quer seguir, assistir a aula ou dormir mais cinco minutinhos…

Estudar/Jogar

Se arrumar tempo para estudar já é uma tarefa complicada (por outros compromissos ou foco), imagina quando você disputa League of Legends competitivamente pela faculdade? Não é impossível, mas a tarefa se torna árdua, só para aqueles que realmente gostam..

Com pouco mais de um ano de UNILoL, já vemos essas decisões mudando peças em muitos times, como no caso da Inatel. O presidente da organização, Rafael “Morpheuz” Prado, conta que dos cinco jogadores que foram vice-campeões na LUE em setembro no ano passado, apenas o Suporte Pickoff restou na line-up, sem contar o técnico que mudou de faculdade. “Trancou a faculdade”, “perdeu o interesse”, “vai estagiar”, “vai fazer intercâmbio”, são muitos os motivos que podem desestruturar um time universitário. Ele comparou: “No CBLoL os contratos são de pelo menos um ano. Então tem uma segurança de que o jogador vai estar ali naquele tempo, salvos grandes imprevistos. O time universitário não tem isso. No próximo semestre o cara pode não estar lá por simplesmente ter más notas”.

Mesmo sem um estatuto regulador, a Inatel só joga com alunos – graduação, pós ou mestrado – e mesmo que a atividade de se entregar ao time de League of Legends valha horas complementares, não tem muito como segurar quem não quer ou não pode jogar. “A gente tentou montar um time B em vez de ter reservas, mas estar abaixo de um outro grupo desmotivava e não criava a sinergia que a gente tanto queria, então voltamos a ter reservas e eu passei a ter mais jogo de cintura com quem desiste por motivos ‘menos importantes’”.

Outro time que sofreu com uma estrela se apagando foi a UFSCar Fire. O aclamado Meio, Diogo Nojeira, decidiu se aposentar há mais ou menos um mês. “Jogar e estudar significa priorizar um dos dois. Ou você joga muito e estuda pouco ou estuda muito e joga por diversão – que era a minha intenção. Mas sou muito competitivo e acabei desequilibrando a balança pro lado do LoL, agora quero reequilibrar com os estudos”.

Renan “Diogo Nojeira” Menegheti, à esquerda, conversando com o técnico da UFSCar Fire, Arthur “Lain” Brandolin, durante o LUE 2017.

Opinião: Otávio “Oak” Corsini, jornalista e ex-universitário

Como atleta de faculdade, senti o peso de equilibrar as duas atividades. Voltava tarde dos treinos e já acordava cedo para a aula. Isso sem falar que sempre tinha uma ou outra ranqueada no LoL. Mas eu não me via atleta profissional e acho que essa é a grande diferença para o uni de E-sports. Vejo muitos jogadores com expectativas sobre

jogar o Circuitão ou CBLoL e os presidentes e analistas tendo muitas oportunidades no mercado de trabalho – sendo reconhecidos pelo esforço que fazem nas suas organizações.

Isso com certeza é um fator para criar dúvida na cabeça deles. Acredito que cada vez mais o LoL vá abrir portas para os universitários do Brasil. E lidar tanto com quem busca essas oportunidades como quem só quer se divertir não é tarefa fácil – até porque LoL é um jogo em equipe – assim como quem joga, que vai ficar cada vez mais em dúvida sobre qual caminho seguir.

O que essa rotatividade constante significa?

O cenário não é tão sério porque não é prioridade? O nível de gameplay dos times diminui? E mais, a representatividade de um time perante um clube e toda uma comunidade de gamers é abalada?

Tanto o “Morpheuz” quanto o “Diogo Nojeira” discordam. O presidente da Inatel acredita que essa questão reforça o ponto mais importante do cenário universitário: o amor pela camisa. “Mesmo que os jogadores tornem-se ícones e referências, quando eles saírem o time vai continuar com o mesmo espírito, e a torcida vai apoiar do mesmo jeito, porque o que importa é estarem todos curtindo participar daquele mundo”. O Meio da UFScar Fire ainda completa a ideia: “Acho que as pessoas vão pensar mais no time em si. Os amigos próximos lembram e sentem falta do Diogo Nojeira, mas quem apoia a Fire não se importa com o Meio ou Caçador da UFSCar, e sim com o que o clube representa”.

Quanto à sinergia do time, coisa que vemos ser um diferencial da UFABC Storm, as ideias dos dois são diferentes. Para o representante da Inatel, perder constantemente seus jogadores e ter que recriar a sinergia é um problema enorme. Já para o jogador da Fire, a rotatividade é essencial para o cenário. “Eu me sentia sufocado por não ter reservas, e os possíveis reservas se sentiam intimidados por não se acharem bons o suficiente para a minha posição. Acho que nem por elo ou gameplay, mas essa rotação é importante para renovar e manter o espírito de time sempre forte”.

Conversar com os dois reafirma o ambiente leve dos universitários. É um prazer para os dois fazerem parte desse mundo, e percebe-se isso claramente em seus discursos. O que nos faz pensar que a questão não é quem sai ou quem fica, mas que essa preocupação só acontece porque o cenário cresceu muito e dá oportunidades para os mais diversos tipos de jogadores, casuais ou competitivos. Jogando bem ou mal a torcida espera ver seus amigos no palco, torcendo e vibrando pela paixão em comum: a faculdade.

“É uma coisa da qual eu me orgulho muito, é uma conquista minha, título que sinto ser meu. Me vejo muito Diogo Nojeira ainda e pode ser que não viva mais tão intensamente esse sentimento, mas nunca vai deixar de ser tão verdadeiro quanto foi”, Renan “Diogo Nojeira” Menegheti.


Fonte: LOLEsports

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